Beira Mar
 
		
			
			
			 
					
					
			
			Eu entendo a noite como um oceano que banha
de sombras um mundo de sol
A aurora que luta por um arrebol 
de cores vibrantes e ar soberano
Um olho que mira num calo engano 
durante o instante em que vou contemplar
Além muito além de onde quero chegar
Caindo a noite me lanço no mundo 
Além do limite do vale profundo 
que sempre começa na beira do mar...  
... na beira do mar
Vai por dentro das águas há quadros e sonhos 
e coisas que sonham o mundo dos vivos 
Há peixes milagrosos e insetos nocivos 
paisagens abertas desertos medonhos 
léguas cansativas, caminhos tristonhos 
que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar 
daqueles que caçam em mar revoltoso
E outros que devoram com gênio assombroso 
as vidas que caem na  beira do mar ...   
... lá na beira do mar
E até que a morte eu sinta chegando 
prossigo cantando beijando o espaço
Além do cabelo que desembaraço 
invoco as águas a vir que inundando
Pessoas e coisas que vão arrastando 
do meu pensamento já podem lavar
Lá no peixe de asas eu  quero voar 
sair do oceano que despoluirá
Cantar um galope fechando a ferida 
que só cicatriza na beira do mar
Lá na beira do mar
Lá na beira do mar