Avohai
Um velho Cruza a soleira de botas longas,
de barbas lonas, de ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde quarava sua camisa e seu alfoge de caçador
O meu velho e invisível Avohai...
O meu velho e indivisível Avohai...
Neblina turva e brilhante em meu cérebro coágulo luz de sol
A manta matutina que transparente cortina ao meu redor
Se eu dizer que é bem sabido você diz que é bem pior
Mais e pior do que planeta quando perde o girassol
Levo terço de brilhante nos meus dedos de minha vó
E nunca mais eu tive medo da porteira,
nem também da companheira que nunca dormia só
Avohai Avohai Avohai
O brejo cruza a poeira de fato existe
um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas, cabelos de Avohai
Na pedra de turmalina e no terreiro da usina eu me criei
Vou lavar de madrugada e na cratera condenada eu me calei
E se eu calei foi de tristeza você cala por calar
Mais e calado vai ficando só fala quando eu mandar
Rebuscando a consciência com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa,
girando na carrapeta no jogo de improvisar
Entrecortando eu sigo bem a linha reta
Eu tenho a palavra certa prá doutor não reclamar
Avohai Avohai Avohai Avohai